quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Ouvindo Bach...

Ouvindo Bach...

A passagem do tempo feito relva à tarde...

E quase não lembrávamos das fatalidades das horas.

 
O corpo se retorcia de tanto céu aberto...

Sentenças fáceis de traduzir:

como números em combinação harmônica.


Os sons, se há o canto do divino em ti...

Poderia pegá-lo com os pés.

 
Vejo-te em segredos pela melodia chegando com o vento.

São como linhas penduradas no armário de minha infância,

leve a correr sem tempo, como o sol resplandece agora...

 
Mãos tocando levemente as cordas de meu livro de memórias.

Elas são peças no jardim dos corpos em êxtase a vivificar as horas.

 
Vendo o dia após outro, recordando as folhas caídas.

Ouvindo o assobio no quintal...

como pardais a perder-te na imensidão dos galhos da samuameira...

 
Bach, então, venha para casa mais uma vez,

ao repouso simples e desejado de tuas mãos precisas e dadivosas...

 
Quero cantar-te como ária em sol maior,

e ouvir-te como fuga para o riacho em teu nome...

 
Jorge Leão

18 de dezembro de 2012

 
Samuameira: árvore amazônica, exuberante pelo grandioso caule e extensos galhos, vivem centenas de anos nas matas dando à região sublime harmonia de formas.

Bach: do alemão: riacho, arroio, regato, ribeiro.


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