Ouvindo Bach...
A passagem do tempo feito relva à tarde...
E quase não lembrávamos das fatalidades das horas.
O corpo se retorcia de tanto céu aberto...
Sentenças fáceis de traduzir:
como números em combinação harmônica.
Os sons, se há o canto do divino em ti...
Poderia pegá-lo com os pés.
Vejo-te em segredos pela melodia chegando com o vento.
São como linhas penduradas no armário de minha infância,
leve a correr sem tempo, como o sol resplandece agora...
Mãos tocando levemente as cordas de meu livro de memórias.
Elas são peças no jardim dos corpos em êxtase a vivificar as horas.
Vendo o dia após outro, recordando as folhas caídas.
Ouvindo o assobio no quintal...
como pardais a perder-te na imensidão dos galhos da samuameira...
Bach, então, venha para casa mais uma vez,
ao repouso simples e desejado de tuas mãos precisas e dadivosas...
Quero cantar-te como ária em sol maior,
e ouvir-te como fuga para o riacho em teu nome...
Jorge Leão
18 de dezembro de 2012
Samuameira: árvore amazônica, exuberante pelo grandioso caule e extensos
galhos, vivem centenas de anos nas matas dando à região sublime harmonia de
formas.
Bach: do alemão: riacho, arroio, regato, ribeiro.
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