sábado, 13 de novembro de 2010

Roteiro para estudo com o filme "The Matrix"


Caros colegas, seguem algumas sugestões e experiências com o filme "The Matrix" (EUA, 1999) - roteiro de estudo em sala de aula. Esse projeto vem sendo trabalhado com o título Sócrates, Matrix e a Filosofia.
1 - O que é a Matrix?
2 - Temas recorrentes para análise: filosofia socrática, aparência, realidade, autoconhecimento, liberdade, amor.
3 - As correlações com o Budismo (equilíbrio corpo-mente)
4 - Análise filosófica dos personagens: Morpheus, Neo, Trinity, Oráculo, Agente Smith.
5 - Situação problema: o que a matrix nos impede de perceber?
6 - Tarefa conjunta: a turma pode criar uma "matrix" e mostrar as possibilidades de dela escapar, seguindo o roteiro de estudo e as discussões apontadas em sala. Apresentar de modo criativo para a turma.
Como se trata de um texto vasto e polissêmico, o professor pode ainda expandir o debate, trazendo referências literárias e fílmicas, tais como: 1984, de George Orwell, o filme "A Vila" ou ainda "Escute, Zé Ninguém", de Wilhelm Reich, ou alguns contos de Machado de Assis, como Teoria do Medalhão, Conto de Escola e Ex catedra (trabalhando relativização dos valores éticos e a escola como aparelho ideológico de dominação), além da música do Pink Floyd, "Another brick in the wall".
O conceito de sistema de controle (eficácia + ajustamento) pode ainda ajudar a compreender melhor o argumento apresentado pelos irmãos Andy e Larry Wachowscki, diretores do filme.
Bom trabalho!
Liberte sua mente!...
Abraços cinéfilos!
Jorge Leão

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Uma música com anima

Uma música com anima

Hoje, dia 4 de novembro de 2010, trabalhei com a turma 203 de Eletrônica, a música Anima, cujo foco central foi a filosofia socrática. A partir da tese de que “o homem é a sua alma”, e do enfoque de que somos seres pensantes, seguimos com a relação com a “normose” (citei o Professor Hermógenes, e o seu entendimento do que vem a ser a “normose”), após citando a Matrix (do filme The Matrix, que estou a trabalhar com eles), não permitindo tais elementos o mergulho na essência de nós mesmos.

É esta a saída necessária da caverna, de que nos fala Platão, e que na música entra em destaque, quando os autores colocam: “Alma, vai além de tudo o que o nosso mundo ousa perceber. Casa cheia de coragem, vida, tira a mancha que há no meu ser. Te quero ver, te quero ser, alma”.
Ainda foi possível enfatizar o texto de Karl Jaspers, “a filosofia no mundo” (de sua obra Introdução ao pensamento filosófico), como experiência fundamental para o amadurecimento espiritual do ser humano. Na música, o trecho: “Lapidar minha procura toda, trama, lapidar o que o coração com toda inspiração achou de nomear gritando, alma”, é ilustrativo para o fecundo trabalho de uma necessária saída do imediatismo previsível (normose) em que a corrida pelos bens materiais nos engaiola.

Filosofia é, pois, um processo constante de recriação de novos mundos, assim como a arte. Traz a música este aspecto, ao nos dizer: “Viajar nessa procura toda de me lapidar, neste momento, agora, de me recriar. De me gratificar, te busco, alma, eu sei”.

A filosofia nos instiga, portanto, a descobrir o seu ensino. Sócrates afirma que o conhecimento está dentro da alma, mas que, quase sempre, precisamos de um “mentor”, o parteiro, para nos ajudar na dolorosa saída da caverna (como o Morpheus, do filme The Matrix). É na casa do conhecimento pela verdade que o homem é verdadeiramente livre. O amor pela sabedoria(filosofia) é a chave para a conquista da auto-realização. É lá que se acha a morada dos filósofos. Eis como a música nos fala disso: “Casa aberta onde mora um mestre, o mago da luz, onde se encontra o templo que inventa a cor, animará o amor”...

Para finalizar, deixo com vocês a letra da música:

Anima José Renato / Milton Nascimento

Alma, vai além de tudo o que o nosso mundo ousa perceber Casa cheia de coragem, vida, tira a mancha que há no meu ser Te quero ver, te quero ser, alma... Lapidar minha procura toda, trama, lapidar o que o coração com toda inspiração achou de nomear gritando, alma...Recriar cada momento belo já vivido e ir mais, atravessar fronteiras do amanhecer e ao entardecer olhar com calma então...Alma, vai além de tudo o que o nosso mundo ousa perceberCasa cheia de coragem, vida, tira a mancha que há no meu serTe quero ver, te quero ser, alma...Viajar nessa procura toda de me lapidar, neste momento, agora, de me recriarDe me gratificar, te busco, alma, eu sei...Casa aberta onde mora um mestre, o mago da luz, onde se encontra o templo que inventa a cor, animará o amor... onde se esquece a paz...Alma, vai além de tudo o que o nosso mundo ousa perceber. Casa cheia de coragem, vida, todo afeto que há no meu ser. Te quero ver, te quero ser, alma...Te quero ser, alma... te quero ser, alma... te quero ser... Além da belíssima interpretação do grupo “Boca Livre”, do qual o Zé Renato faz parte. Alguns alunos perceberam certos detalhes interessantes da letra, com a temática da filosofia. Outra música oportuna, de profundo conteúdo filosófico.

Abraços anímicos...

Jorge Leão
Professor de Filosofia do IFMA – Campus Monte Castelo

Comentário sobre a música DAQUILO QUE EU SEI, de Ivan Lins

Comentário sobre a música DAQUILO QUE EU SEI, de Ivan Lins

Nesta música, encontra-se um texto bastante interessante que pode ser relacionado com os modos de conhecer, podendo ser enfatizado: o percurso da dúvida (em Descartes), os limites da elaboração cognitiva (a partir do criticismo kantiano), e os usos dos sentidos (em filósofos como Aristóteles, Locke e Hume).

A música inteira é um convite para o contato direto dos alunos com o processo do conhecimento. Eis a letra:

Daquilo que eu sei nem tudo me deu clareza. Nem tudo foi permitido. Nem tudo me deu certeza. Daquilo que eu sei nem tudo foi proibido. Nem tudo me foi possível. Nem tudo foi concebido. Não fechei os olhos Não tapei os ouvidos. Cheirei, toquei, provei. Ah! Eu usei todos os sentidos. Só não lavei as mãos.
E é por isso que eu me sinto.
Cada vez mais limpo Cada vez mais lim. . . po. Cada vez mais. . .Limpo. . . .

Assim, penso que é interessante trabalharmos na música os diferentes modos de conhecer a realidade, dando ênfase, sobretudo, à percepção sensível, e sobre a capacidade de extrair da experiência o máximo de vivacidade, quando ele afirma: “eu usei todos os sentidos. Não só não lavei as mãos, e é por isso que eu me sinto cada vez mais limpo”.

Uma sugestiva opção para a introdução à teoria do conhecimento.

Jorge Leão
Professor de Filosofia do IFMA – Campus Monte Castelo