quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Sobre os riscos dos "fast-foods"

Para reflexão dos amigos da sabedoria...

Sobre os riscos dos “fast-foods”

“Não há tempo para perder, preciso comer um lanche rápido, um “fast-food”, estou com pressa”... Essa declaração aparentemente banal retrata o ritmo de muita gente nas grandes cidades. Enquanto isso, o corpo adoece silenciosamente, e mais tarde aparecem as ditas “doenças crônicas”, que a medicina declara que não há cura, mas só tratamento.. .

Indubitavelmente, existe hoje uma indústria da doença, que anda de mãos dadas com a indústria farmacêutica dos remédios. Os mesmos remédios, atolados de química, que não vão à causa dos problemas, mas apenas retardam a proliferação dos sintomas já existentes no corpo. Se houvesse um real inteiro de grande parte dos médicos com a saúde, e tudo que essa palavra implica, não haveria tanta morte e dor por um lado, e tanta gente enriquecendo com a fábrica das doenças por outro.

Ora, como se sabe, grande parte das doenças consideradas “incuráveis” pela moderna medicina nascem de desequilíbrios na alimentação e na vida urbana pobre de experiências de paz, espiritualidade e beleza.Um exemplo claro disso são os ditos “fast-foods”, como aqueles que se encontram no McDonald´s e Bobs da vida, com alto teor de gorduras, corantes e substâncias químicas as mais nocivas. "O risco - dizem os mais céticos - pode até vir, mas só daqui a alguns anos; então por que se preocupar agora, o bom mesmo é desfrutar de um bom hamburger, com batatas fritas e uma Coca-Cola bem gelada"...

E com esse descrédito, a nossa péssima conduta alimentar, com o passar dos anos, se encarrega de depositar no sangue o acúmulo de impurezas e toxinas que nós mesmos jogamos cotidianamente em todo o organismo. A grande interrogação que é gerada com tudo isso é: se sabemos dos malefícios de uma alimentação desequilibrada, por que não mudamos nossos hábitos alimentares? ...

Pesquisas recentes comprovam o aumento acelerado de câncer no estômago e intestinos, órgãos que são agredidos todos os dias com a nossa pressa e gula. O pior é que a indústria do alimento enlatado vende uma propaganda sedutora do prazer por um paladar irresistível, contrariando a facilidade de encontrar nas frutas e nos legumes um prazer que não se delimita apenas a boca, mas é capaz de prevenir e curar inúmeras doenças.

Muito do que padecemos hoje é fruto dessa falsa imagem de que precisamos comer carne e encher o estômago para saciar a fome. Os nutricionistas hoje recomendam refeições de três em três horas, em quantidades menores, alternando as grandes refeições (preferencialmente na parte da manhã) com o uso de frutas. Medidas como essas mudam a abordagem do conceito de saúde e de doença, pois o corpo passa a responder rapidamente ao tratamento que damos a ele, seja de cuidado ou de descaso...

Assim, o que se compreende por saúde aqui é a percepção que nós temos de nossa alimentação, e que deve ser acompanhada de um equilíbrio espiritual e mental. A alimentação natural, ou pelo menos o mais próximo possível disso, não é algo desconectado, mas integrado, pois quem sabe o porquê de uma alimentação natural, pode certamente ser instrumento de um mundo mais belo, mais pacífico, mais justo.

Como já sabemos, o impacto da matança de animais no planeta é ecológico, pois desmata milhares de quilômetros de floresta para criar bois que vão ser massacrados no matadouro para satisfazer um prazer mesquinho que não dura às vezes dez minutos, como é o caso de um hambúrger que precisa ao equivalente de seis metros de mata fechada para produzir o efeito final de sua produção.

É uma violência que nós não precisamos ser cúmplices. O planeta agradece, nosso estômago também.As pequenas mudanças causam impactos planetários.

Podemos começar hoje mesmo a grande revolução por um mundo melhor. Está em nossas mãos e em nossa mente a escolha.

Abraços fraternos,

Jorge LeãoProfessor de Filosofia do Instituto Federal do Maranhão e membro do Movimento Familiar Cristão

Em: 18 de fevereiro de 2009

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Um comentário sobre o espetacular "Nuovo Cinema Paradiso"


Um comentário sobre o espetacular "Nuovo Cinema Paradiso"


Filme italiano, lançado no ano de 1988, “Nuovo Cinema Paradiso” recebeu o Oscar de melhor filme estrangeiro e o Globo de Ouro em 1990, assim como o Grande Prêmio do Júri, no Festival de Cannes, em 1989. Com enredo e direção de Giuseppe Tornatore, o filme retrata a trajetória de Salvatore di Vitto, na pequena cidade de Giancaldo, na Sicília, nos anos que antecederam a chegada da televisão, depois da Segunda Guerra Mundial.

Na cidade, a única diversão é o cinema, lá as pessoas se encontram, constroem romances, se emocionam com as histórias inesquecíveis dos filmes passados pelo projetista Alfredo (interpretado pelo ator Philippe Noiret), que conhece o menino Salvatore, conhecido por todos pelo apelido carinhoso de Totó (interpretado pelo talentoso Salvatore Cascio). O menino é apaixonado por cinema, e não deixa Alfredo sossegado até que este transmite a Totó o manejo da arte de projetar filmes. Ocorre, porém, um grave incêndio na sala de projeção, sendo que Alfredo é salvo pelo menino; no entanto, com o acidente, fica cego e nunca mais poderá ver os filmes, levando por isso Totó a assumir o cargo.

Quando adolescente, Totó apaixona-se por Elena (interpretada por Agnese Nano), o seu grande e eterno amor. A trama amorosa dura toda a sua vida, quando Salvatore retorna à terra natal depois de trinta anos, como um cineasta bem sucedido, para o enterro de seu grande amigo Alfredo. A sua volta é recheada de uma profunda nostalgia pelo passado, num tempo em que a cidade vivia seus momentos de alegria em função do Cinema Paradiso, que agora não era mais que ruínas e escombros. Rever o velho projetor, carinhosamente guardado em seu quarto por sua velha mãe, conversar com ela sobre coisas nunca ditas, voltar ao velho cinema abandonado, e lá encontrar as marcas de suas lembranças, desde o tempo de infância. Lembrar-se de seu grande amor, ao ver uma menina andando de vespa pelas ruas da cidade. Era como se Salvatore pudesse ver o rosto de Elena como há trinta anos. A semelhança era tamanha que Salvatore seguiu a menina por alguns dias, e descobriu seu endereço, confirmando sua suspeita, de que era mesma a filha de Elena.

O encontro com o passado trouxe em Salvatore a possibilidade de reviver uma grande paixão, o que ocorre de fato, mesmo que de modo passageiro. Elena (agora interpretada pela atriz Brigitte Fossey) tem o rosto envelhecido, mas o olhar penetrante de uma jovem adolescente esperando pelo grande momento de sua vida. A beira da praia era o lugar preferido de Salvatore, quando buscava a solidão. O encontro só podia mesmo ser lá. Elena o encontrou. A vida os aproximou de modo jamais previsto, embora que silenciosamente aguardado pelos dois. Era a possibilidade de viver o grande amor de suas vidas, ainda que efêmero. O amor de apenas uma noite, tão fugaz como a própria noite. O encontro aguardado durante tanto tempo, que deveria ter ocorrido há trinta anos, se não fosse a súbita mudança de planos na família de Elena em mudar-se de Giancaldo, e a opinião de Alfredo, que disse a Elena que tanto esforço talvez não valesse muito aos dois. O encontro na escuridão de uma noite que nunca mais voltaria enfim aconteceu...

Para Salvatore, algo tão maravilhoso deveria durar para sempre, mas Elena recusa-se a viver esse amor, falando de sua vida atual e de tudo o que a vida trouxe aos dois, depois de tantos anos. Salvatore deve retornar a Roma, cidade onde vive e que pôde construir uma carreira de fama e sucesso. Era preciso esquecer tudo mais uma vez, assim como Alfredo lhe dissera um dia, quando de sua partida da pequena Giancaldo.

Salvatore leva consigo o último presente deixado pelo velho amigo Alfredo e projeta em sua sala de cinema. Eram as cenas de beijo, cortadas pela censura do padre conservador da pequena cidade de Giancaldo. Todos os beijos censurados, agora livremente expostos graças à generosidade de Alfredo, que consegue ainda falar ao coração de Salvatore, por meio de cenas tão ansiosamente aguardadas pelos espectadores do Cinema Paradiso, e que somente ele, depois de longos anos, tem a oportunidade de vê-las.

A última cena é particularmente marcante, de uma beleza plástica indescritível, que emociona de modo a nos deixar embalar mais uma vez pela belíssima melodia de Andrea e Ennio Morricone, música que eternizou a trilha sonora do filme. A cena nos aproxima daqueles sinais de um tempo que retorna pelas imagens de um cinema repleto de pureza, sentimento e beleza. Era a época áurea do cinema italiano, e também de clássicos do cinema norte-americano, que marcaram definitivamente a memória do pequeno Totó, agora um cineasta famoso, sentado atonitamente diante de lembranças marcadas pelo vislumbramento de uma vida impossível de ser revivida, apenas recordada, mas, ainda assim, profundamente sentida. Cinema Paradiso é por tudo isso um filme para ser visto e revisto várias vezes, como os filmes do passado, passados na memória presente de Salvatore de Vitto e agora em nossas próprias recordações, revividas por meio da maravilhosa arte do cinema, que permitiu a tantos amores que se encontrassem e que também se fossem.

Jorge Leão
Professor de Filosofia do Instituto Federal do Maranhão e membro do Movimento Familiar Cristão