segunda-feira, 30 de junho de 2008

O Sonho de Ícaro

Caros amigos do blog FILOSOFIA COM ARTE,
compartilho com vocês um poema da Mayanne, do Curso Design de Produto,
referente ao estudo sobre mitologia grega, desenvolvido com as turmas de filosofia. Abraços,
Jorge Leão

O SONHO DE ÍCARO

O seu sonho era poder voar
Livre,solto, com a leveza da alma.
Brincar com as aves do céu.
Deitar sobre as nuvens,
E dormir sobre o horizonte, o luar.
Mas como conseguir esse sonho?
Calculou, pensou e conseguiu uma idéia!
Imitou os pássaros
Que quando voam
Parecem mágicos.
Conseguiu fazer suas asas
Dando asas à criação.
Sofreu com o mundo
Com os imprevistos, com os obstáculos,
Do não dever, com a impossibilidade.
Mas alcançou o inalcançável.
E conseguiu com asas de cera,
Voar, voar, voar...
Esqueceu tudo,
Sentiu-se como uma águia .
Que poderia as montanhas alcançar.
Ficou surdo, mudo, sem sentidos,
Tanto que pensou
Que poderia seguir o infinito.
Porém acabou caindo,
E suas asas cortadas.
Por querer transcender,
Seu sonho acabou, morreu,
Mas morreu feliz, sob o sol,
Sobre o horizonte e livre
Como sempre sonhava viver.

Mayanne Serra
Estudante do 2º ano do Curso de Design de Produto do CEFET-MA

sábado, 28 de junho de 2008

Pra que serve a filosofia, afinal?

Há um espaço vazio nas escolas. É o caos da oportunidade. Ele está na mente de nossas crianças. A tarefa que se impõe é: ainda teremos tempo?...
As atividades escolares são muito aceleradas. Não temos tempo para conversar...

Ontem, eu encontrei meu filho se masturbando na sala, eu não sabia o que fazer. Eu tenho uma prova de cálculo diferencial para aplicar amanhã com os meus acadêmicos...

Chegam os filósofos, contando façanhas e mistérios do sonho da razão.
Eles afastam as regras e caminham na estrada das pedras...
Eles adoram me chamar para conversas longas e demoradas. Haja paciência e tempo, que hoje não tenho...

A estrada das pedras é um caminho sem fim. Ninguém ganha nem perde. É um jogo de feitiços gratuitos. Eu realmente não entendo para que tantas pedras...

Amanhece na praça, os meninos e meninas na rua olham para os cantos e choram com a fome de mais um dia sem fim. Mas foi rápido, meu filho já está seguro na escola...

Eu, como chefe dos acadêmicos, doutor em filantropia, me encontro perdido. Eu sou um verme, acho. Junto àqueles que não sabem pra que serve a matemática. Mas, meu estômago sempre dói quando leio os livros do Marx, eu nunca passo do primeiro capítulo...

Eu odeio Platão. E todos esses fecundos e ilustres profetas da alma. Mas, o pátio da minha escola continua vazio. E não há lugares aqui para poetas, nem para devaneios. Eu amo Platão. Mas ainda tenho que entregar um relatório para o ministério da instrução privada. Aqui eu corro contra o tempo.

Agora eu entro nas salas como diretor afastado, que não sabe quem são os alunos que acordam sem ânimo para freqüentar aulas sem sangue em minha escola. Eu sou um burocrata.

Eu ainda não percebi os riscos do pedagogismo... Eu recebo meus colegas para um café em minha casa, aos sábados. A gente assiste às novelas e depois toma uma boa cerveja.

Mas, eu adoro papéis. Trabalho numa sala quente, ao lado da igreja. Eu escuto todos os dias à tardinha o badalar dos sinos. Eu acredito em fadas. Sou meio crente, e meio cético. Eu não sei o que sou; eu penso na morte...

Então, sentado na varanda, deitado em minha rede, penso um pouco comigo mesmo e chego a falar em voz alta: pra que serve a filosofia, afinal?...
Pra que servem as minhas aulas? Pra que servem as minhas pílulas?

Acho que o vendedor de sorvete está chamando. Meu sobrinho adora um bom sorvete de coco. Vou lá ver se ele faz um preço camarada...

Amanhã, a sirene da escola me espera bem cedo...

Jorge Leão
Professor de Filosofia do CEFET-MA e membro do Movimento Familiar Cristão

Resumo do Projeto Filosofia com Arte no Ensino Medio

FILOSOFIA COM ARTE NO ENSINO MÉDIO

O projeto FILOSOFIA COM ARTE NO ENSINO MEDIO centra sua atenção sobre uma proposta dinâmica para o ensino de filosofia, contextualizando os conteúdos filosóficos com as linguagens de arte, principalmente literatura, música, cinema, teatro e artes plásticas. O projeto surgiu da necessidade de aproximar a disciplina de filosofia com a realidade dos jovens estudantes do Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão. Para isso, entende-se que o ensino dos conteúdos filosóficos pode levar ao desenvolvimento de uma postura autônoma em sala de aula e na sociedade. Por isso, a arte e a filosofia possuem uma tarefa substantiva para a formação educacional do ser humano, pois procuram despertar o pensar crítico, a sensibilidade e uma postura cidadã no contexto social em que vive.

O projeto consta de duas etapas, a primeira corresponde ao estudo sobre introdução à filosofia da arte, com atividades semanais de grupo de pesquisa, em que são lidos e debatidos textos sobre o referido tema. Na segunda etapa, os estudantes realizaram visitas em centros culturais e eventos artísticos, apresentando relatórios crítico-descritivos como forma de socialização das linguagens de arte observadas. Os estudantes escreveram, ao final, artigos, em que cada um escolheu uma linguagem de arte, associados aos conteúdos filosóficos. A produção das apresentações do trabalho nos espaços comunitários foi pensada e realizada pelos estudantes pesquisadores, o que favoreceu um crescimento considerável do olhar responsável sobre o desenvolvimento de nosso projeto, como construção coletiva, centrada em uma metodologia participativa e investigativa, assim como a possibilidade de dialogar com estudantes de outras escolas sobre o ensino de filosofia.

Como atividade de socialização na comunidade, os estudantes participaram de encontros como 15ª SBPC Jovem, em Belém, no mês de julho de 2007, da I Mostra de Ciências das Escolas Públicas, no CEFET-MA, no mês de outubro de 2007, além dos relatórios parciais e finais da pesquisa, junto a várias escolas públicas do estado do Maranhão, realizados nos meses de maio e novembro de 2007, respectivamente. Desse modo, percebe-se a inserção da pesquisa como atividade que favorece uma ligação mais estreita entre escola e comunidade.

As etapas do desenvolvimento do projeto foram pensadas no enfoque da práxis filosófica, procurando estabelecer uma ligação entre contéudos e realidade, por meio da sensibilização, contextualização, problematização, análise crítica dos conteúdos, debates e apresentação dos trabalhos, a nível de socialização da pesquisa. Para isso, utilizamos fontes de pesquisa como "Pedagogia da Autonomia", de Paulo Freire, o "Ensino de Filosofia no Ensino Médio", tendo como referências autores como Sílvio Gallo e Walter Omar Kohan, e "Ensinando Filosofia com Arte", de Charles Feitosa.

Desse modo, pensamos que o referido projeto vem contribuindo para a ampliação do olhar filosófico e estético de nossos estudantes, dentro de uma postura cidadã e transformadora, a partir de uma proposta metodológica para o ensino de filosofia na realidade do ensino médio.

Jorge Leão
Professor de Filosofia do CEFET-MA

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Filosofia com Arte no Ensino Médio


A filosofia e a arte são vistas por muitos na atualidade como saberes desnecessários, pois exigem dois requisitos básicos que estão fora do sistema atual, são eles: Reflexão e sensiblidade. Sendo que os valores pragmáticos e a velocidade dos acontecimentos não deixam espaço para tais requisitos e o que era para ser uma ponte indispensável na formação de indivíduo passa a ser um abismo aparentemente intransponível.

A escola nesse contexto deveria motivar os alunos a buscarem esses conhecimentos, porém o que ocorre é um processo contínuo de desmotivação em que série após série a filosofia torna-se incompreensível e a arte algo inalcansável.

Por isso este projeto tem como objetivo geral o entrelaçamento desses dois saberes, transformando as aulas de filosofia no enino médio em expressões artístico-filosóficas, aproximando assim, o filósofo e o artista já existente em cada um de nós. Visando com isso dinamizar o ensino da filosofia em sala de aula.