segunda-feira, 7 de julho de 2008

Agora é lei: A Filosofia e a Sociologia no Ensino Médio

Agora é lei: a Filosofia e a Sociologia no Ensino Médio das escolas brasileiras

Finalmente a lei que obriga o ensino de Filosofia e Sociologia em todas as séries do ensino médio no Brasil foi aprovada no último dia 2 de junho. O Congresso Nacional alterou o artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. O projeto de lei n. 1641/2003, do deputado Ribamar Alves (PSB-MA), foi primeiramente aprovado na Câmara dos Deputados, e posteriormente, no dia 8 de maio deste ano, no Senado Federal. Espera-se agora que os professores destas disciplinas tenham suas vagas garantidas por meio de concursos públicos.

Por isso, faz-se necessário mobilizar as secretarias estaduais e municipais de educação nesta luta. A importância de inserir Filosofia e Sociologia no ensino básico é inquestionável. Mas não é suficiente tê-las no currículo, é preciso um esforço contínuo de formação para os professores, a fim de que haja de fato um ensino de qualidade para os nossos estudantes. Por isso, é também fundamental a atuação conjunta com os departamentos de Filosofia e de Sociologia de nossas universidades.

Uma outra mobilização necessária neste momento histórico é organizar núcleos de pesquisa sobre o ensino de Filosofia e Sociologia. Os desafios encontrados nas escolas brasileiras são de ordem variada e complexa. Vários problemas acompanham o dia-a-dia dos professores. Além de estruturas físicas muitas vezes depauperadas, sobretudo na rede pública de ensino, observa-se a falta de preparo de muitos professores, além de permanente ausência de compromisso ético com o ensino, não somente de Filosofia e Sociologia.

Assim como as universidades, que formam profissionais para a licenciatura em Filosofia e Sociologia, precisam oferecer cursos de formação continuada, nos aspectos fundamentais do ensino, tais como: planejamento, conteúdos, metodologia, avaliação e estrutura curricular. Desconsiderar a formação educacional de nossos professores é prejudicar em suas bases o processo de inserção da Filosofia e da Sociologia nas escolas brasileiras. De fato, não adianta muita coisa ter um diploma de graduação, e não estar em permanente estado de formação. E isso a universidade pode e deve fazer, basta oferecer cursos regulares de formação continuada para professores. Assim também como as secretarias municipais e estaduais de educação devem assumir este compromisso.

Não podemos parar de pressionar também a nós mesmos, professores, para que a cada dia o ensino filosófico e sociológico constituam pilares da formação cidadã de nossa juventude. Entendendo que estas disciplinas são garantia de uma responsabilidade ética, na construção de um mundo mais justo e fraterno para todos, a começar pelas crianças. Além de considerar que tais horizontes não se colocam repentinamente, sem o cuidado lento e gradual no contato direto com bons livros, boas bibliotecas, equipes de planejamento interdisciplinar, núcleos de pesquisa integrados, o bom uso em sala de aula dos recursos multimídia e, acima de tudo, a contextualizaçã o dos conteúdos com a realidade concreta da vida dos estudantes.

Portanto, que esta lei possa garantir que as novas gerações sejam de fato conscientizadas de sua importância para a habitação de um mundo em que filósofos e sociólogos sejam muito mais que repassadores de informações do passado, mas agentes vivos de um pensamento que aponta para um futuro melhor, pois finca seus pés no presente, tendo como alicerce aquilo que de mais importante nos legou o passado, a nossa herança cultural. Que também esta lei não se torne no Brasil palavra morta.

Jorge Leão
Professor de Filosofia do CEFET-MA e membro do MOVIMENTO FAMILIAR CRISTÃO.

Nenhum comentário: